domingo, 15 de setembro de 2013

Arranha céu.



Sensação de abandono, angustiadamente boa.  Desde que me deixei pude enxergar nos meus escombros a chance de me reconstruir, de repintar minhas paredes, de me recriar numa nova forma. Comecei sem pressa, meu terreno está em obras, e no lugar de tijolos frios, encontrei as vigas de um novo amor, daqueles que te fortalecem, te põe de pé, porque é erguido que a gente sustenta. Amor é o nome que alguém deu e eu nem sei o que quer dizer.

Abandonei mágoas, mas não as esqueci, abandonei o orgulho, ainda que possa me ferir novamente, a gente nunca sabe como, nem quando vai se ferir, doer faz parte. Quase me esqueci de lembrar do que devo esquecer, e isto também é abandono. Dar adeus a si mesmo é tão estranho, olhar-se de fora e não conseguir mais se enxergar de frente ao espelho, não porque tornastes invisível, apenas porque ele não reflete mais quem agora está ali.

Jogar fora tudo que já cumpriu seu papel e não servirá a mais ninguém. Deixar ir, só o que não quis ficar, do contrário, jogar fora mesmo! Matéria morta à gente recicla, e eu estou viva! Bem viva! Meu canteiro cheio de ferramentas e muitas delas eu não faço ideia para quê servem, mas servem a algum propósito, eu sei. É com muito labor que se constrói arranha céus, eles estão no topo, mais perto de Deus, longe de toda negatividade, prefiro imaginar.

E sigo tentando, me abandonando, partindo sem dar adeus ao que me deixou, são as portas e janelas que necessitam estar abertas para toda sorte e todo amor entrar. Da minha tela sinto o cheiro no vento, sinto acordar, linhas a escrever do novo amor que chegou.